Esquerda e Direita

  • 22 de maio de 2023

A discussão acerca da sobrevivência da separação entre esquerda e direita, questionada logo após a queda do Muro de Berlim (1989) e a dissolução da União Soviética (1991), já foi superada.

Norberto Bobbio, na obra Direita e esquerda: razões e significados de uma distinção política (São Paulo: Unesp, 1995) tratou com maestria a dessemelhança entre os dois campos políticos, expondo critérios fixados por diversos autores para diferenciar os polos, apontando o elemento fundador da dicotomia: para a esquerda, a desigualdade econômica é um produto social e, por isso, pode ser contornada; para a direita, a desigualdade é natural, até benéfica, de sorte que não pode ser eliminada.

Os dois termos indicam a existência de programas contrapostos de ideias, interesses e valorações a respeito da direção a ser seguida pela sociedade. No entanto, como bem esclarece Bobbio, a distinção não exclui posições intermediárias ou extremadas. Daí o emprego cotidiano das expressões “extrema-esquerda”, “centro-esquerda”, “centro” (ou terceiro incluído, para Bobbio), “centro-direita” e “extrema-direita”.

Sem prejuízo à reflexão de Bobbio, pontuo outro aspecto da díade, qual seja, a sua percepção não como ideologia, mas enquanto força material.

Notadamente, as expressões esquerda e direita estão diretamente associadas à Revolução Francesa. O emprego dos termos tem sua gênese naqueles acontecimentos históricos, dos idos de 1789, que enterraram o “ancien régime” e abriram as portas para a burguesia assumir o poder político (vez que já detinham o poder econômico).

Mas as disputas entre esquerda e direita são datadas de tempos imemoriais. Antes do conceito vem a ação. Afinal, as lutas econômicas (de classes), de fundo material, não se caracterizam como fenômeno que surgiu simultaneamente à formação social e econômica capitalista.

Com efeito, tanto a política e como os partidos foram se construindo ao longo do tempo como resultado de disputas econômicas, sociais e políticas. As ideologias provieram destes enfrentamentos e contradições, mais como consequência do que causa.

Retrocedendo à Grécia Antiga, aproximadamente 600 a.C., as contendas giravam em torno da posse da terra. Com o crescimento da população, a demanda por alimentos aumentou. No entanto, a distribuição imediata da riqueza socialmente produzida foi posta em segundo plano em detrimento da acumulação, eleita como prioridade da elite, situação que aprofundou as desigualdades sociais. As terras mais férteis se tornaram objeto de feroz disputa.

A sociedade ateniense à época era constituída por diversas classes sociais: os eupátridas, aristocracia rural proprietária das terras férteis; os georgóis, pequenos proprietários rurais; os demiurgos, artesãos que viviam do próprio trabalho e do comércio marítimo no litoral; e os thetas, trabalhadores braçais e camponeses. Havia ainda os metecos, estamento formado por estrangeiros, geralmente comerciantes, que não tinham direitos políticos. Por fim, os escravos, considerados bens móveis e cuja mão de obra era a base da economia.

Dentro desse quadro socioeconômico ateniense, a díade esquerda e direita pode ser percebida pela atuação de três partidos: [1] à esquerda, o partido das montanhas, que defendia os georgóis e thetas; [2] à direita, o partido das planícies, formado pelos eupátridas; [3] e ao centro, o partido do litoral, representando pelos demiurgos. A base da pirâmide, os escravos, estrava completamente à margem, sem representação.

Olhando a História, não é errôneo inferir que a esquerda geralmente exerceu a tarefa de fazer o contraponto à ordem estabelecida e à organização social por estamentos, por isso, a alcunha de “partido do movimento”, em contraponto à direita, o “partido da ordem”, que se dispõe a conservar.

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