JANELAS DA LIBERDADE

  • 7 de julho de 2023

JANELAS DA LIBERDADE

Letra: Jorge Enio Pinto dos Santos

Música: Pedro Ortaça

 

É pela marca que se sabe o dono,

É pelo berro que se acha a cria,

Mas quem tem marca e ainda berra

Vive a esmo pelas sesmarias.

 

Se até o gado busca ser livre

Em noites altas pelo vão do arame,

Por que alguns homens com sabedoria

Usam buçal, acatando infames?

 

Calar a voz é curvar o lombro,

É viver em vão, é não ter consciência.

Andar na verga é para boi manso

Que por ser bicho cumpre a penitência.

 

Mas se nascemos para sermos livre

Porque então aceitar o ajojo

Maneias e cordas são para animais

Que não trazem anseios dentro de seu bojo.

 

Mudaram-se os tempos, não mudaram aqueles

Que insistem na castra da liberdade

Consciências arcaicas carregam museus

Que insistem ainda em viver de saudade.

 

Janelas se abrem, ao abrirem-se os olhos,

Mas para vermos precisa ambição,

Querer ser livre, soltar as amarras,

Largar o grito com o coração.

 

Janelas da Liberdade é poema letra de Jorge Enio Pinto dos Santos, musicado por Pedro Ortaça, por ele interpretado e gravado em CD e DVD.

Jorge Enio Pinto dos Santos é natural de Bossoroca – RS. Atualmente reside em São Luiz Gonzaga. Casado com Guiomar Terra Batú dos Santos, pai de Fernando Terra dos Santos – Médico e Vanessa Terra dos Santos – Bióloga. Advogado, poeta e pecuarista. Presidente da OAB, subseção de São Luiz Gonzaga – RS por duas gestões.

Como poeta, tem poemas publicados em várias coletâneas, e participação em diversos festivais nativistas. Tem letras gravadas por Pedro Ortaça, Alberto e Gabriel Ortaça, Cesar Liendemeyer, Miguel Marques, Grupo Sul Baile, João Chagas Leite, Wilson Paim e Leo Paim. Suas composições Lira da Noite e Universo dos Meus Sonhos deram nome aos dois CDs de Wilson Paim.

Janelas da Liberdade é um poema inserido na linha campeira, com o autor assumindo um eu poético revelador de conhecimentos de práticas comuns à lida do campo, com linguagem simples, direta, e vocabulário próprio da vida rural, como: “berro, cria, gado, vão do arame, buçal, lombo, verga, boi manso, ajojo, maneias, cordas” que, no mundo urbano, são termos, por muitos desconhecidos.

A primeira estrofe é conceitual, afirmativa, e abre um paralelo comparativo pelo simbólico. Se os dois primeiros versos se referem ao gado, a marca de ferro que identifica seu dono, e o berro anunciador de sua localização “É pela marca que se sabe o dono, pelo berro que se acha a cria”, nos dois últimos versos, marca e berro – o simbólico – passam a referir-se a seres humanos, marcados por posições – excluídos – que berram, protestam, reclamam, apropriam-se de discurso contrário a quem detém o poder econômico, político.

A segunda estrofe mantem-se a comparação e passa-se ao questionamento. O gado busca ser livre, na tentativa de fuga pelo vão do alambrado, enquanto alguns seres humanos passam uma vida toda de submissão, apoiando, aplaudindo, idolatrando outros seres, sem qualquer questionamento, como que presos e dirigidos por buçal.

Na mesma linha, segue a terceira estrofe, em afirmativa crítica ao silenciamento, e a presença do simbólico: “Calar a voz é curvar o lombo”, “Maneias e cordas são para animais”. Calar a voz é viver em vão e não ter consciência.

Na quarta estrofe, o eu poético constata a mesma realidade de outros tempos nos tempos atuais, pois mudam os tempos, mas permanecem ideias e ideologias. Sempre vai haver aqueles que castram liberdades, impõem-se pelo poder, tem mentes arcaicas como se museus fossem, cultivam culturas e crenças de um passado ao qual se agarram e tudo fazem para não viver o novo: “Consciências arcaicas carregam museus”.

Na quita estrofe, fecha-se o poema. Amplia-se o simbólico; afinal uma janela abre um leque de possibilidades, permite que vejamos realidades próximas e distantes, o aqui e o além, tudo o que está do lado de fora, até a linha do horizonte, sempre infinita e inalcançável, mas alargando nosso olhar sempre mais. Aqui, as janelas a serem abertas são os olhos “Janelas se abrem ao abrirem-se os olhos”. O eu poético convoca ao desejo de ver “para vermos precisa ambição”, a busca da liberdade de olhar, de pronunciar-se, de ser. “Querer ser livre, soltar as amarras”.

São as janelas da liberdade que só conquistamos quando abrimos os olhos do coração.

GUIOMAR TERRA BATÚ DOS SANTOS

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