Entre uma consulta e outra, ora puramente neurológicas, ora comportamentais e psiquiátricas, todas centradas em um só órgão: o cérebro, restam breves momentos em que este jovem neurologista reflete sobre o que ocorre na sociedade que adentra e parte por essas portas e paredes que testemunham tanto e permanecem silentes.
No turbilhão da vida moderna, onde a rapidez é a norma e a tecnologia reina soberana, é fácil perder de vista os valores e costumes tradicionais que nos foram legados por gerações passadas. Entre esses costumes, há gestos simples que carregam consigo uma riqueza cultural e um profundo significado de respeito mútuo: o aperto de mão, o uso de “senhor” e “senhora”, além das palavras mágicas “com licença” e “por favor”.
O aperto de mão, gesto tão comum em encontros e cumprimentos, vai além de um simples contato físico. É um símbolo de confiança, sinceridade e respeito mútuo. Nele, encontramos a oportunidade de estabelecer uma conexão genuína com o outro, transmitindo calor humano e reconhecendo sua presença de maneira tangível. No entanto, na era dos cumprimentos virtuais e das interações impessoais, o aperto de mão corre o risco de se tornar uma relíquia do passado, relegado a cerimônias formais ou encontros raros.
Surpreso fico a cada cumprimento frio, a cada mão flácida a ir de encontro a minha, a cada pouco cortês “olá”, morno. Onde foram parar as mãos rijas?
O tratamento cortês, utilizando os termos “senhor” e “senhora”, é outra tradição que vem perdendo espaço em um mundo cada vez mais casual e informal. No entanto, ao empregar essas palavras, não estamos apenas reconhecendo a idade ou posição social da pessoa à nossa frente, mas também demonstrando um profundo respeito pela sua dignidade e experiência de vida. É um lembrete sutil de que, por trás de cada rosto, há uma história única a ser valorizada e respeitada.
Tenho percebido ares de graça por vezes quando pronomes de tratamento são utilizados, como se o fossem antiquados.
Além disso, as expressões “com licença” e “por favor” são pequenos gestos de cortesia que refletem uma atitude de consideração e gentileza para com os outros. Ao pedir licença antes de entrar em um espaço ou solicitar algo com um “por favor”, estamos reconhecendo o direito do outro à sua privacidade e mostrando humildade ao solicitar sua ajuda ou colaboração. Essas palavras simples têm o poder de suavizar interações cotidianas e promover um ambiente de respeito e cooperação mútua.
Assim, convido todos nós a refletir sobre a importância de honrar e preservar esses pequenos gestos de cortesia e respeito. São eles que nos lembram da nossa humanidade compartilhada e nos conectam uns aos outros em um mundo cada vez mais fragmentado. Que possamos, assim, manter viva a chama dessas tradições, passando-as adiante para as próximas gerações, como um legado de respeito e gratidão pelas nossas raízes e pela diversidade que nos une.
É tempo, sim, de tratarmos com respeito e formalidade a todos.
É tempo, sim, de respeitar, sem obrigação de concordar, a opinião de todos.
É tempo, sim, de ouvir os mais velhos.
É tempo, sim, de gentilezas, de cordialidades e de hierarquias morais.
Ainda existe espaço, e sempre existirá em uma sociedade séria, para o tradicional.
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