O professor Sérgio Venturini é um peregrino em caminhada permanente na busca de conteúdos da história das Missões Jesuíticas, ainda encobertos pela passagem dos séculos. E para descobrir novos caminhos colocou prioridade nesse objetivo, superando desafios e confiando que, ao longo dessa caminhada, juntaria contribuições para colocar acessos a essa história, na verdade um sopro de humanidade em favor dos povos originários da América, mais propriamente da região que compreende territórios do Paraguai, Argentina, Brasil e Uruguai.
Venturini um dia surpreendeu historiadores, professores e amigos, ao iniciar uma caminhada desde o Paraguai até o Uruguai, passando pela Argentina e o Brasil, na busca dos fluídos que animaram padres jesuítas e indígenas na construção de reduções administradas por essa Ordem Religiosa e habitada por indígenas, com o propósito de transmitir conhecimentos aos filhos da terra, a fim de recolher benefícios conquistados pelo mundo conhecido até então, respeitando as tradições dos povos originários. Foi nas reduções que os indígenas ganharam formação para produções nas artes, no trabalho, na organização comunitária e na descoberta dos caminhos para entender o mundo que desconhecia e que muito prometia em benefícios a todos que se permitiam receber regras de conduta até então desconhecidas.
Venturini recebeu a reportagem de A NOTÍCIA terça-feira à tarde, na sede do Instituto Histórico e Geográfico, para informar que a Trilha dos Santos Mártires Internacional está comemorando 25 anos, resgatando a história a rota de 450 km pelo padre Roque Gonzales, o mais destacado fundador de reduções jesuíticas, desde San Ignácio Guazu até o Santuário do Caaró.
O padre Roque Gonzales criou 30 reduções, desde San Ignácio Guazu, onde fundou a Missão de Nossa Senhora da Encarnação, em Itapua, Paraguai, em seguida a redução de Nossa Senhora de Anunciação (atualmente a cidade de Posadas, na Argentina). Em 1619 fundou a redução de Nossa Senhora de Concepción, hoje a cidade de Concepción de La Sierra, Argentina. Em 3 de maio de 1626 o Padre Roque Gonzales cruzou o Rio Uruguai para penetrar no Brasil, pelo território do Rio Grande do Sul, onde as primeiras reduções criadas foram de Nossa Senhora de Candelária (hoje o Rolador), Assunção do Ijuí (atualmente Roque Gonzales) e a redução de Todos os Santos, no Caaró. Os chamados Sete Povos das Missões vieram a seguir.
O profº Sérgio Venturini fez toda essa rota três vezes, sozinho, a pé. O objetivo era conhecer essa trilha com todos os detalhes e informações possíveis. E agora, um grupo de trilheiros, informou Venturini, vai comemorar o Jubileu de Prata da Trilha Internacional. A rota feita na região dos 7 Povos, assentada por Venturini, seguindo informações históricas, tem se realizado todos os anos a pé, a cavalo, de bicicleta, é considerada a mais antiga do Brasil, desde o Passo do Padre no Rio Uruguai, hoje território de São Nicolau, até o Santuário do Caaró, município de Caibaté.
Cada trilha cumprida, tem uma parada em Caibaté, para os romeiros participarem de seminário internacional de História, Educação e Turismo, realizada pela Prefeitura desse município, UFSM – Universidade Federal de Santa Maria e Cátedra da Unesco e UFSM. A próxima edição desse seminário será nos dias 24 e 25 de abril de 2024, como sempre em Caibaté.
São 30 os Povos das Missões Jesuíticas efetivamente implantados, 15 localizados na Argentina, 8 no Paraguai e 7 no Brasil. Venturini fez a Trilha três vezes, a pé.
O profº Sérgio Venturini foi professor estadual e residiu em São Luiz Gonzaga, face a determinação de atuar no então Ginásio Agrícola, do qual foi diretor. Natural de Ivorá-RS, voltou a residiu na terra natal após a aposentadoria. Mas foi em São Luiz Gonzaga que foi conquistado pela história missioneira, onde encontrou espaço para realizar sua vocação de pesquisador e historiador. Percebendo que a história missioneira não era totalmente conhecida, porque a biblioteca dos Jesuítas está localizada na Europa e 300 anos depois, o que ainda não se sabia, tinha que ser descoberto. Foi esse o desafio que Venturini decidiu enfrentar e fez isso com determinação incomum, sabendo que essa pesquisa não está concluída e será desafio que se manterá no futuro. Mas, sem dúvida, essa é uma história fantástica, que surpreendeu o mundo civilizado da época e ainda não sabemos tudo que os povos missioneiros deixaram como legado das gerações futuras.
Por José Grisolia Filho
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